Quando criança, de duas coisas eu tinha certeza: queria trabalhar como professora e conhecer o Japão.
Anos passaram e a realidade chegou. Descobri que pra conhecer o Japão eu precisava ir de avião, depois de muito tempo insistindo em ir de ônibus eu finalmente desisti (viajar pro Japão de avião é muito pro meu medo!) e então veio a outra realidade do outro sonho. Sendo professora eu ganharia mal, correria riscos de segurança, trabalharia em lugares precários em um país que lecionar é visto como algo sem importância. Estou com 17 anos e desde que me conheço por sonhos, nada me fez abrir mão de lecionar.
Assisti o filme A corrente do bem. Onde um professor literalmente incentivava os alunos a passarem algo de importante pro mundo e então a minha certeza aumentou. Tive ótimos professores que me tornaram uma pessoa melhor e quis fazer o mesmo. Apareceu no jornal professores sendo espancados e a vontade de conhecer aqueles alunos e procurar mudá-los foi gritante. Fui no sindicato dos professores aqui em São Paulo e vi tanta gente unida pela educação e ali a certeza foi revigorante: AQUI É MEU LUGAR!
Comecei a dar aula para crianças faz um mês e senti nos poros a importância que um professor tem na sociedade. Temos inúmeras vidas tão diferentes unidas em uma sala por horas durante anos. Vejo o futuro do Brasil sorrindo enquanto brinca de polícia e ladrão. Quem sabe o mais novo Einstein ali, sentado timidamente assistindo desenho na hora do lanche. Mas também vejo pela janela o próximo(a) presidente deixando de ir pra escola por não ter dinheiro pra passagem, uma mente brilhante colocando os livros de lado para vender bala no farol e um futuro sendo engolido pelas drogas.
Eu vejo o futuro do Brasil em uma linha de divisão. Está ali, basta atravessar a rua. Olhe pra uma criança dentro do carro enquanto a outra anda entre os carros com pacotes para vender.
Eu fui, eu sou, eu serei o futuro do Brasil. Mas sozinha não basta. Sendo algo eu posso formar e reconstruir outras. Você também, nós podemos e iremos!
Esse foi um texto talvez de autoconhecimento, ou para desabafar. Mas antes de tudo, foi meu jeito de dizer "te admiro professor". E não, não estou colocando o progresso da sociedade nas costas dos professores, coitados de nós. Mas também, é inevitável tirar o mérito que tais tem sobre nós. Isso foi uma suplica para salvar o nosso horizonte

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